Estão todos aí?

Todo jornalista, todo escritor, todos que se propõem a publicar seus textos são vaidosos, narcisistas por excelência. E eu sou um deles - um narcisista inseguro. Por isso, resolvi postar em vez de me prostrar. A idéia de “Por Volta da Meia Noite” surgiu para compartilhar devaneios, reflexões e amenidades com quem estiver disposto. Mas por favor, não leve me leve a sério. Todas essas palavras são despretensiosas, embora eu não as esteja jogando ao vento.

Logo acima, escrevi idéia porque tenho até 2012 para me adaptar às novas regras ortográficas, então, acostume-se com a escrita dentro e fora dos padrões.

Por falar em palavras, não me lembro se li, ou se alguém me disse que um escritor tem 15 páginas para te convencer a ler seu livro. Se depois disso você não sentir atração pelo texto, parta para outro (livro ou escritor).

Aqui não existirão livros. Digitarei 500, mil, cinco mil caracteres (textos enormes, se pensarmos que a nova moda são os 140 toques por postagem), portanto, não hesite em parar de ler caso o primeiro parágrafo não agrade. Vá para outro texto, outro blog, ou então, vá para a puta que pariu.

Aproveite!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Calma porque vai ceder

Vida de gordo não é fácil. Que puta clichê! Então, vou escrever sobre a vida de gordo. Mais um puta clichê! Tirando os raríssimos casos de quem diz gostar de ser rolha de poço e não vê problemas em estar acima do peso, vou falar sobre a relação dos roliços com a calça jeans. Pois é. Essa peça de vestuário que foi criada há mais de um século e era destinada a operários, ao longo dos anos foi se popularizando, testemunhou revoluções culturais e hoje em dia tem modelos que custam meros mil reais (ou mais).

Não quero fazer um texto sobre moda, até porque não entendo nada sobre o assunto, mas arrisco dizer que ela é a peça de roupa mais democrática da história. Pois bem. Voltemos ao problema do roliço com a calça jeans. Pra um cara com cintura 48 achar um modelo “descolado”, a missão é quase impossível. E todos querem ser descolados. A sorte é que, dependendo da marca, você acha uma 46 com lavagem e corte decentes. É aí que começa o problema. Você entra na loja, todo tímido, quando aquela vendedora gostosa te aborda. Já era! Vais acabar comprando pelo menos uma. E as vendedoras gostosas são sádicas. Quando te perguntam o número e ouvem “Eu uso 48”, dizem que a 44 vai ficar ótima.

E você cai nos encantos dela. E pede a 44. E emagrece uns dois quilos tentando fazer com que Belo Horizonte caiba dentro de Sabará. É, não vai servir. Então você pede a 46. E ela te entrega. E você já está sem graça por estar suando feito um porco dentro do provador. Essa até que entra, mas não abotoa com muita facilidade. É nessa hora que vem o bote. “Moça, acho que a 48 ia ficar melhor”. (Claro! Quarenta e oito é o seu número.) “A 48 eu não tenho, mas a 46 não serviu?” “Serviu, mas está apertando um pouco.” (Sua voz sai meio estranha porque você está sem ar.) “Ah, mas esse jeans cede um bocado.” E quem cede um bocado é você. Aos encantos da vendedora gostosa.

Ao sair do provador, super sem graça, compra algo que sabe que só será usado dentro de casa. No máximo, vai sair um dia com ela e passar mal enquanto a calça que cede um bocado se recusa a ceder. Logo depois, vai colocá-la na pilha das roupas que não servem. No mês seguinte, você acha que emagreceu (todo gordo acha que está mais magro pelo menos uma vez por mês) e repete o processo citado logo acima. Quando assusta, está com seis calças novinhas guardadas no armário.

Porém, aprendi uma coisa quando era adolescente. É melhor ser gordo do que ser feio. Pelo menos você pode emagrecer. E vez ou outra você emagrece. Ou porque terminou um namoro e quer voltar pro mercado, ou porque tomou vergonha na cara e parou de ingerir zilhões de calorias por dia.

Nessa hora, meu amigo, sua vida muda. A primeira coisa que faz é correr pro armário, pegar a pilha de roupas que não servem, perceber que todo aquele “investimento de risco” deu resultado e começar a usar as tão desejadas calças jeans “descoladas” tamanho 46 que cedem um bocado. Apesar de ainda estar gordo (sinceramente, 46 é cintura de roliço), se sente o cara mais sarado do mundo. E vai pra rua “se achando a pica das galáxias”.

terça-feira, 9 de março de 2010

(In)decisões

Quando acordou ainda era cedo para um sábado de ócio. Pouco mais de nove da manhã. Se lembrava de poucas coisas da noite anterior, já que ainda estava bêbado. Quando viu que ela tinha ido embora, sabia que não tinha mais volta. A princípio, o desespero tomou conta, mas, logo depois, se sentiu meio anestesiado. Já que não sabia se era por conta das cervejas e do whisky, voltou pra rua e bebeu mais um pouco.

Ela já vinha dando algumas indiretas - mostrava que não continuaria ali. Sempre que dormia fora de casa e não avisava, resolvia dar um susto nele. Infelizmente, o tolo achava que aquilo era chantagem emocional. Estava tudo bem, "ela não iria embora de uma hora para outra". Mas só estava bem na superfície. Por dentro, seu coração já não agüentava mais e sentia que era hora de voltar para casa.

Como sempre fora uma pessoa paciente, permitiu que ele se despedisse. Na tal noite anterior, esperou que chegasse em casa, bêbado como de costume. E, como também era de costume, deixou que a perturbasse um pouco e fosse para seu quarto dormir. Pena que não sabia que seria a última vez. Mas aquilo também já não tinha mais importância. Estava decidida a ir na manhã seguinte.


E assim como veio, foi.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ciclos

"O amor vai nos separar de novo?" Quem sabe. Só se deixarmos a rotina bater pesado em nossos ombros e colocarmos nossas ambições de lado. Eu não tenho muitas, mas, as que tenho, estão fazendo de mim uma pessoa melhor. Digo isso hoje por que tenho você ao meu lado? Quando não esitver, ou, se não estiver, continuarei sendo quem sou. Amanhã, direi e farei tudo ao avesso. Só sei que nunca deixarei o cotidiano nos transformar em estranhos. Espero que você seja uma descoberta constante. Quero te conhecer toda vez que nos encontramos.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Um novo Messias?

Os irmãos Coen já fizeram uma penca de filmes sensacionais, mas nenhum chega aos pés de "O Grande Lebowski". Assisto ao filme pelo menos uma vez por mês. Já cheguei até a falar do The Dude em outra postagem, mas não imaginei que o personagem de Jeff Bridges fosse servir de inspiração até para uma nova "religião". Estou de cara!! Pra quem quiser entender um pouco mais sobre o assunto, clique no link abaixo ou na foto acima. Na verdade, a foto é a matéria que saiu na Folha de São Paulo.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u684596.shtml

Falando em "O Grande Lebowski", vou ali preparar um White Russian...

Paz!

domingo, 24 de janeiro de 2010

As faces dos desastres

O terremoto que atingiu o Haiti no dia 12 de janeiro ainda vai ser o assunto preferido da imprensa por um bom tempo. E não é para menos. Até coisas inimagináveis aconteceram por causa do desastre. Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama se juntaram para planejar quais os tipos de ajuda serão dadas àquele país. Isso chega a beirar o surrealismo. O Brasil está destinando vários milhões de reais em ajuda para colocar ordem na casa (o que pra mim também é surreal, já que uma boa parte poderia ser usada por aqui). Coisas previsíveis também aconteceram. Várias celebridades doaram dinheiro para ajudar os haitianos. Normal. Algo assim mobiliza o mundo inteiro.

Claro que a mídia está aproveitando a desgraça do país mais pobre das Américas para produzir matérias especiais, obter cenas exclusivas de resgate, entrevistar militares brasileiros e seus familiares, patati, patatá. Isso também é normal, já que alguns programas se dizem jornalísticos, mas não passam de entretenimento barato.

O que me chamou atenção outro dia foi a Sandy & Junior (sei que o nome dela é Sandy, mas não perco a oportunidade de chamá-la assim). Em 14 de janeiro, dois dias após o terremoto, a menina virgem postou no seu Twitter uma mensagem dizendo que a tragédia do Haiti estava recebendo mais atenção do que a do Brasil. Que absurdo né, Sandy & Junior! Lá só morreram algumas centenas de milhares de pessoas (que estão sendo enterradas em valas comuns). Porto Príncipe está um caos e vai ficar assim por um bom tempo. Angra dos Reis, as cidades de São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina atingidas pelas chuvas também estão. Qualquer tragédia é tragédia, então, não vou fazer comparações aqui. Qual foi pior que qual? Nenhuma. Pais perderam filhos e crianças ficaram órfãs. Esposas ficaram viúvas e por aí vai.

Peraí. Vou fazer uma comparação sim! Vai ser esdrúxula, já que Sandy vai entrar na parada. A mídia está dando muito mais atenção ao Haiti do que ao Brasil, correto? Correto. Qual o motivo? As proporções do desastre são muito maiores, cara pálida! Aqui vai: durante muitos anos, Sandy foi o “terremoto do Haiti”. Tivemos que agüentar a mídia dando cobertura a tudo o que ela fazia. Vimos a mocinha “atuando” em filmes com seu irmão Junior, fazendo novela e mais uma penca de coisas desastrosas. Quando os dois irmãos votaram pela primeira vez, tivemos que agüentar o Fantástico apresentando uma matéria especial sobre esse “grande fato”. Fomos obrigados a engolir essa mala sem alça dando entrevistas e falando que ainda era virgem. Foda-se a sua virgindade! Várias revistas tentaram cobrir o casamento de Sandy, mas não conseguiram. Apenas o Fantástico fez isso. E fez mais uma matéria especial sobre a vida da menina.

Puta que pariu! Que absurdo! Isso sim é dar atenção a algo, meus caros. Pra mim, essas são as semelhanças entre o terremoto no Haiti e a carreira de Sandy. Porém, existe uma diferença, e ela é muito grande. O que aconteceu por lá e aqui no Brasil são desastres naturais. Não sabemos quando, onde e como vai acontecer. Não podemos prever quantas pessoas morrerão e a dimensão dos estragos. O desastre Sandy entra em outra categoria - na dos “desastres artificiais”. Seu sucesso foi meteórico? Sim! Mas infelizmente o meteoro caiu em cima das nossas cabeças. E foi totalmente planejado. Os envolvidos sabiam as proporções da catástrofe (venda de discos, programas de TV, filmes, novelas e o que mais vocês puderem imaginar).

Por sorte, a mídia muda de assunto, pois sempre acontecerão novas desgraças. E, por sorte, o desastre Sandy já não tem mais tanta importância. Espero que a moça esteja bem casada (e que tenha perdido a virgindade) e pare de chamar os que discordam dela de “ignorantes de plantão”, pois a única ignorante nessa história toda é ela mesma.

PS: Já é a segunda vez que falo da Sandy aqui no blog. Na primeira, tentei ser mais bem humorado, mas, desta vez, não foi possível. Ela me irrita mais do que tampa de pasta de dente, pote de sorvete de dois litros e embalagens blister. Na verdade, ela me irrita mais do que todas essas coisas juntas.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Punheta

Meu fim de semana foi pra desintoxicar. Como já disse Rory Gallagher, "Too Much Alcohol". Passei sábado e domingo morgando dentro de casa, mesmo com esse calor desumano que está fazendo. Aproveitei o tempo livre pra mexer em umas fotos, ler um pouco e assistir aos playoffs da NFL. Adoro futebol americano e entendo os que odeiam o esporte. Antes de começar o jogo de sábado, passou na TV aquele tal de "Crepúsculo". Legal! Filme sobre vampiros. Porém, para adolescentes. Não tinha assistido ainda, nem vou ver "Lua Nova" no cinema.

Aquela atriz é a coisa mais linda do mundo. Quando a vi pela primeira vez em "Natureza Selvagem", me apaixonei. Mas "Crepúsculo" me deixou puto! Vampiros “vegetarianos”? Que porra é essa? Os caras não bebem sangue humano, só de animais?! Puta que pariu! Isso é punhetagem, cara! Ou melhor, coito interrompido. O cara tira quando está quase no auge. Assim não dá! E olha que a menina queria virar vampira, hein. E o galã não teve coragem. Punhetagem! Ou melhor, coito interrompido.

Filme assim tem que dar medo, precisa ser soturno. O vampiro precisa nos enfeitiçar, assim como enfeitiça quem está à sua volta. "Nosferatu" é filme de verdade! Bela Lugosi foi "O" cara. Gary Oldman é o vampiro mais sexy (isso é viadagem) que já vi até hoje. O mais sexy (que mega viadagem) e um dos mais esquisitos. Só pra citar mais um belo filme com outro puta ator: "A Sombra do Vampiro", com Willem Dafoe.

Já que estou falando sobre vampiros - seres de hábitos noturnos - vou mudar a hora da minha postagem só pra ser do contra. Sempre faço isso por volta da meia noite, mas, como estou com a cabeça pipocando de cafeína, vai ser agora mesmo. Quando for pra casa, vou ver se alugo algum dos filmes que citei acima. Quem sabe minha raiva dos punheteiros (ou melhor, “interrompedores de coito”) passe.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Músicas para...

Uma das máximas de Nietzsche: “O pensamento do suicídio é um forte consolo: com ele atravessamos mais de uma noite ruim.” Já passei inúmeras noites péssimas (de várias maneiras), até porque sou notívago. Não nego que concordo com o filósofo alemão, apesar de nunca ter pensado em me matar. Sei que esse assunto é complicado. Falar sobre suicídio é como dizer pra sua namorada que ela deveria pensar em comprar uma calça jeans um número maior. Tabu!

Quando a professorinha Lu (que depois virou atriz pornô) se matou em dezembro do ano passado, voltei a pensar um pouco no assunto. Época de natal me deixa meio deprimido. Não gosto dessa loucura de fim de ano. O povo comprando como se nunca mais fosse ter nada, comendo como se fosse a Última Ceia (o que é uma insensatez, pois no natal os cristãos comemoram o nascimento de Cristo), coisa e tal.

Com relação ao suicido, disse que voltei a pensar no assunto porque dou moral pra quem consegue abrir mão de tudo e ir embora pelos seus próprios meios. É covardia? Coragem? Julgue como achar melhor. Porra, já estou me perdendo no assunto, só pra variar. O que quero dizer é o seguinte: se estiver muito deprimido e com umas na cabeça, não escute certas músicas (as chamo de suicidal songs). Elas são perigosas, xará. Se você estiver em um prédio alto, vai pular. Se estiver com uma arma, vai puxar o gatilho. Se essas opções não servirem, vais arrumar outro jeito de encenar seu último ato.

Classifico algumas músicas como suicidal songs não pelo teor de suas letras ou por causa da melodia, é algo totalmente pessoal e aleatório. Coisa de sentimento mesmo. Última observação: acho todas sensacionais! Escuto sempre. Abaixo, uma pequena amostra, já que a lista é bem extensa. Coloquei em ordem alfabética pra não parecer que tenho preferência por alguma. Escutar ou não escutar, eis a questão.

The Black Keys – "Have Mercy On Me"
Black Sabbath – "Planet Caravan"
David Gilmour – "Red Sky At Night"
The Doors – "Riders On The Storm"
Interpol – "Pace Is The Trick"
Interpol – "Untitled"
Jefferson Airplane – "White Rabbit"
John Lee Hooker – "Annie Mae"
John Murphy – "The Surface Of The Sun"
Johnny Cash – "Hurt"
Leonard Cohen – "Waiting For The Miracle"
Mark Lanegan – "Ressurection Song"
Morphine – "Swing It Low"
Morrissey – "Everyday Is Like Sunday"
New Order – "In A Lonely Place"
Nick Cave & The Bad Seeds – "Let The Bells Ring"
Peter Gabriel – "Black Paintings"
Pink Floyd – "The Great Gig In The Sky"
Rubyhorse – "Fell On Bad Days"
Ry Cooder – "Paris, Texas"
Soulsavers – "Kingdoms Of Rain"
Steppenwolf – "The Pusher"
Ten Years After – "A Sad Song"
Thomas Newman – "Saeta"

E, pra terminar, a maior banda de todos os tempos no quesito suicidal:

Joy Division – qualquer uma



Agora, caso você queira deixar esse texto soturno um pouco mais leve, faça o seguinte: inclua qualquer música de axé, de bandas emo, do Calypso e do Padre Fábio de Melo na categoria suicidal songs. Escolha o que achar melhor...

sábado, 9 de janeiro de 2010

Use como quiser. Ou como puder.


Hoje eu estou irritado, então, vou falar de coisas que me irritam. São milhares, já que sou um cara muito, mas muito mal humorado. Para não me estender demais, só vou falar de três. Já perceberam que algumas coisas não funcionam como realmente deveriam? Na verdade não era isso que queria dizer. Alguns objetos são feitos com um objetivo, mas, no final das contas, servem para algo totalmente diferente.

Vamos ao primeiro exemplo: a tampa do tubo de pasta de dente. É, ela mesma. Todos usam essa merdinha pelo menos três, quatro vezes ao dia. Qual sua função? Tapar o tubo da pasta de dente, correto? Não! Ela serve para tampar o ralo da pia! A cada dez vezes que você vai fazer sua higiene bucal, em pelo menos quatro aquela coisinha minúscula faz questão de escorregar da sua mão e descer pela pia, parando no ralo. Um nojo! Você enfia o dedo naquele buraquinho para tirá-la, e, junto, vêm alguns fios de cabelo, coisa e tal. Você tem que parar de escovar os dentes para desinfetar a mão.

Um grande problema: existem vários tipos de tampas de pasta de dente, já que a variedade de marcas e indicações beiram o absurdo. É creme dental para branquear, proteger por 24 horas, evitar tártaro, manter o esmalte dos dentes, diminuir a sensibilidade, blá, blá, blá...

Conhecem aquela marca feita exclusivamente para dentes sensíveis? Pois é. Vou falar dela. Não direi o nome, mas a garota propaganda é uma mocinha feia, aquela tal de Ana Hickmann. Não comprem uma que se chama “pró-esmalte”. Meus caros, aquela tampinha é coisa do demo! Além do problema da sua verdadeira função, ela se encaixa em outra categoria, conhecida por “maldade inata do ser inanimado”. (Depois falo mais sobre essa teoria de grande importância para a humanidade.) A parte superior da tampa é do mesmo diâmetro do ralo da sua pia. Se ela cair virada pra cima, desista. E ela sempre vai cair. E você vai passar uns dez minutos tentando tirá-la de lá. Eu só consegui tirar com um canivete.

Outra coisa que me irrita é a merda do pote de sorvete de dois litros. Ele não foi feito para colocar sorvete, mas sim pra guardar feijão, molhos em geral, e, em épocas de festa junina, canjica. Você abre o freezer e lá está aquele potinho branco com tampa vermelha, ou então o da outra marca, que é todo azul. Beleza, tem sorvete em casa! Quando abre a tampa, a raiva é tanta, que dá vontade de jogar o pote na parede, no lixo, ou então em algum emo. Você até acha que é um sorvetinho de chocolate, mas é feijão. Que lástima!

Por último e não menos importante, algo que me dá vontade de enfiar o dedo no nariz até chegar no cérebro: as embalagens blister. Elas também são coisa do demo. Foram feitas para testar nossa paciência! Aposto que um nerd viciado em colecionar bonecos do filme "Star Wars" desenvolveu essa porcaria. Lei no meio dos nerds: todo bonequinho retirado da embalagem original perde seu valor. O que o nerd filho da puta faz? Cria uma embalagem praticamente inviolável.

Se você acabou de comprar uma pen drive, um cartão de memória ou coisa do tipo, tudo bem. É só pegar uma faca bem afiada ou uma tesoura para abrir a Caixa de Pandora (na verdade, a Caixa de Pandora deveria ter sido embalada em blister). Porém, lembre de se proteger bem, senão, vai sair machucado. Vou fazer uma pergunta besta: e se você comprou uma faca? Use uma tesoura para abrir a embalagem. Comprou uma tesoura? Use a faca! Agora, se comprou as duas coisas juntas, sente e chore.

Como toda regra tem sua exceção, aqui vai a minha. Se todos os CDs de música sertaneja, bandas emo, pagode, do padre Marcelo Rossi ou do padre Fábio de Melo vierem em embalagem blister, tiro essa invenção maldita da minha lista de coisas que odeio.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Pedindo com jeitinho

Bares descolados com decoração alternativa e muita gente bonita. Música boa, cerveja gelada, drinks bem feitos e um rango de primeira. Melhor coisa do mundo, concorda? Não necessariamente, xará. Muitos desses bares só contratam caras com pinta de modelo e mulheres lindas, gostosas e até cheirosas para serem garçons ou garçonetes. O problema: muitos (pra não dizer quase todos) não fazem a menor idéia de como servir. Andam pelo bar como se estivessem em um desfile, e, por isso, não olham para as mesas.

O que precisamos fazer? Levantar os braços durante horas para sermos atendidos. Sempre tenho vontade de levar umas bandeirinhas comigo, assim posso ficar sinalizando da mesma forma que aqueles caras que trabalham em porta aviões fazem. Quando perguntamos para a “garçonete” linda e gostosa se o prato que pedimos ainda vai demorar, ela não sabe qual o seu pedido ou se esqueceu de fazê-lo. Tomara que não esteja com fome, sua comida ainda vai demorar muito a chegar.

Todo mundo já passou por isso e vai continuar sofrendo com a situação. A partir de agora, não vou mais ficar nervoso com esse pessoal. Não chegarei ao ponto de assoviar para ser atendido. Se eles demorarem muito a me atender, vou começar a gritar, mas não um grito de quem está puto. Vai ser assim: “Me dá meu chopp, Pedro! Seu filho dá puta! Traz meu chopp Pedro! Eu estou pagando por ele! Pedrooooooooo! Me dá meu chopp!”

Se você não entendeu o motivo do grito, dê uma olhada no vídeo abaixo.



quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Você é “O” cara ou O Cara?

Se nasceu para dirigir (ou melhor, pilotar) um Aston Martin, ver as horas em um Omega, vestir os melhores ternos e dormir com as mulheres mais lindas do mundo, você é “O” cara. Agora, se nasceu para usar uma bermuda xadrez e um casaco ridículo, não se preocupe. Vai dirigir um carro caindo aos pedaços e o pior, usar uma Melissa (pois é, aquela sandalinha transparente). A vantagem: vai querer ser chamado de O Cara e tomará a melhor bebida do mundo – vodka, licor de café, creme de leite e um pouco de gelo.

O que prefere? Tomar um Martini, batido e não mexido (e se apresentar como Bond, James Bond) ou um White Russian (e ser o The Dude)? Não vou negar que quero ser o cara que anda de Aston Martin, mas ainda acho que prefiro ser patético.


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Vale quanto pesa?

Não vou negar: sou um cara consumista. Vovô deve dar voltas no caixão a cada compra desnecessária que faço. E elas já foram muitas. Tenho várias coisas encostadas, todas adquiridas na base da impulsão (compulsão é um termo melhor). Alguns objetos que toda pessoa normal tem um, tenho dois, três de cada. Comecei a me sentir uma pessoa abjeta por causa disso. Ônus da modernidade: compre o mundo inteiro, pois a vida é agora.

Estou em uma fase de transição, então passei a abolir tudo aquilo que me incomoda. Minha primeira atitude: só gastar dinheiro com o necessário e investir no que gosto. Livros e DVDs não entram na categoria consumismo, por isso, continuo separando uma parte da grana para eles. Preciso confessar: tenho muito mais shows e filmes do que literatura.

Outro dia, vi que precisava de um gadget. Precisava mesmo! Meu notebook estava totalmente encostado porque eu não tinha o tal equipamento. O preço estava ótimo, então tentei fazer a compra pelo telefone.

Quando o processo começou a ficar muito complicado, larguei mão. Acessei a internet e fiz uma compra totalmente diferente e impulsiva. À vista e sem nenhum tipo de desconto. Assim que a concluí, me arrependi. Normal. Tudo feito impulsivamente nos traz algum tipo de culpa logo em seguida. Só mais tarde percebi que tinha acabado de adquirir um dos meus maiores bens: a tal da paz de espírito. E só tinha gasto R$ 220,00! Nunca imaginei que algo assim pudesse ser comprado. A culpa logo foi substituída pela satisfação. Foi como comer duas barras de chocolate, mas com a química ao inverso.

De todos os itens do meu pedido, apenas um tinha utilidade. O resto, dei ou vendi. Resumo da ópera: cobri os R$ 220,00 e ainda me sobrou um belo troco. Melhor, impossível!

Sejamos sinceros: comprar a própria paz de espírito é algo, no mínimo, insólito. Então, a forma como ela é entregue também deve ser. Sempre que recebo alguma encomenda, o porteiro do meu prédio apenas me chama pelo interfone e diz que chegou alguma coisa pra mim. Desta vez foi diferente. Ele me interfonou e disse: “Cara, um senhor careca e gordinho deixou um negócio aqui pra você, mas não quis dizer o nome.” Óbvio! Ele não precisava se identificar. Era apenas o office boy, o “cara da entrega”.


Meus amigos dizem que sou ranzinza. Estou pensando seriamente em comprar um pouquinho de bom humor. Já até imagino quem o deixará aqui.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Maldição! Eu preciso de um cigarro!

Parei de fumar. Sim, é melhor você acreditar.
Foi a decisão mais inteligente que já tomei.
Me sinto muito mais saudável agora.

OK?
Satisfeito?
Bom!

Maldição! Me dê um cigarro!
Já voltei ao normal...

sábado, 8 de agosto de 2009

Sempre com parcimônia

Quando acordei no chão da sala e cuspi um pedaço do meu pulmão, fiquei feliz. Pelo menos, sabia que estava vivo. Quem toma várias doses de Jack Daniel’s no xote e mais um bocado de Originais de estômago vazio merece passar por isso. Bati nos bolsos da calça. Vi que não estava faltando nada e voltei a dormir, mas pelo menos pulei pro sofá.

Por volta do meio dia, levantei e fui pra cama. No prédio ao lado, algum infeliz tava dando uma festa e contratou um camarada pra tocar música ao vivo. Música sertaneja não! Pelo amor Dele. Como diria De Niro em um filme que não me lembro: “I wish i was dead”.

(Acho que ele disse isso em “Showtime”)

Dadas as circunstâncias, fui obrigado a me levantar de vez. Liguei pra minha amiga e agradeci por ela e o namorado terem me trazido (na verdade, o cara me deixou dentro de casa).

Abri a geladeira pra tomar uma bela Coca-Cola gelada e não tinha. Íamos fazer um almoço aqui em casa, mas minha prima teve que desmarcar. Nada de refrigerante, mas as cervejas já tinham sido compradas. Doze long necks de Heineken estupidamente geladas bem na minha frente. Liguei o som pra ouvir música de verdade e tive que tomar algumas pra rebater. Estou bêbado novamente.

Vou dormir. Amanhã é dia de ver papai...

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Em fim, em volta...

Sempre que saiam, o mais gostoso era a volta para casa. De madrugada as ruas ficam vazias e os dois podiam ir embora caminhando. Apesar de todos os problemas, Belo Horizonte ainda é uma cidade segura. Mas isso não os preocupava. Ela sempre fora acostumada a isso. Ele adorava andar com alguém durante a noite, mas não o fazia há muitos anos.

No meio do caminho, sempre faziam uma parada. Assim, podiam se curtir cada vez mais. Porém, em uma noite de quarta-feira, as coisas foram diferentes para ele. Quando perceberam, o relógio marcava mais de três horas da manhã. O bar já estava completamente vazio. Ninguém nas mesas de sinuca. Garçons empilhando as cadeiras. Até mesmo o rock & roll, trilha sonora de suas noites não era mais ouvido. O DJ já tinha desligado o som há tempos.

Apesar disso, os dois não se importaram com a situação. Aquela noite era deles. Era para eles. Em poucos dias, ela estaria partindo. Ia para a Europa estudar. Quando saíram do bar – fechado e abafado - um clima convidativamente frio vinha da rua. Estranho, pois era no meio de setembro, época de noites quentes ou chuvosas.

Quando começa a descer a rua, ela pergunta o que ele está fazendo. “Vou achar um táxi pra gente, oras.” Então, a frase que ele nunca vai se esquecer. “Você acha que vou perder a chance de voltar a pé com você pra casa?” E os dois sobem a avenida rumo à casa dela. São poucos quarteirões, mas, mesmo que fossem quilômetros, ele andaria. A levaria nos braços se fosse preciso.

Quando estão chegando, param no lugar de sempre. Naquela esquina, passam o resto da noite encostados no muro de uma casa antiga – a única testemunha de um caso, rolo, namoro com data para acabar. Logo depois de deixá-la na portaria do prédio, vai embora se sentindo o cara mais feliz do mundo. Mesmo tendo consciência de que em poucos dias não vai mais viver aquilo, não se importa em saber que sentirá saudades do cheiro dela, dos telefonemas para saber se ele chegou bem em casa, das conversas horas a fio e do ciúme que começava a sentir.

A única coisa que o incomoda é saber que a partir de agora, quando voltar caminhando de madrugada para casa, será sem ela.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Lady Kate no cinema?

Não. Até onde sei a personagem cômica de Katiuscia Canoro não irá parar nas telonas. Não farão um longa sobre a nova rica que tenta a todo custo entrar na high society. Lady Kate está no cinema por causa de um dos seus bordões. Na verdade, Lady Kate não está, Lady Kate é. O tal do “eu tô pagando” já faz parte do nosso cotidiano, sendo dito e visto nas ações de muita gente. Sexta-feira passada, Inimigos Públicos estreou no Brasil. O filme é dirigido por Michael Mann. O cara é foda! “Fogo Contra Fogo”, “O Informante”, “Collateral” e “Miami Vice” são apenas alguns dos seus trabalhos. Fui conferir o mais recente, que conta a história de John Dillinger e seu bando.

Infelizmente, não estava no meu melhor dia. Tinha saído do dentista e fui obrigado a gastar um dinheiro que não queria, não podia, não tinha. Faz parte. Sessão das 17h50 de uma sexta-feira. Um pouco de lazer é ótimo para começar o fim de semana. Impossível! Meu amigo, se quiser ir ao cinema e não sentir vontade de matar quase todos ao seu redor, vá entre segunda e quarta. De preferência, na sessão das 15h. Sei que fica difícil pra quem trabalha, mas é a única forma de aproveitar plenamente a sétima arte. Em qualquer outro dia ou em qualquer outro horário, vai ter motivos de sobra pra arrumar uma confusão.

Vou resumir as duas horas e pouco que passei na sala de cinema do Cinemark, no Pátio Savassi. Você pode estar pensando: “Ah, mas olha o lugar que você escolheu”. Ledo engano, filho ingrato. Vá ao Belas Artes, Usina, Humberto Mauro, Shopping Cidade, BH Shopping, Diamond Mall e tudo será igual.

Quando entrei, o filme já estava pra começar. A sala estava vazia. Achei ótimo. O problema: me esqueci que a fila da lanchonete estava imensa. Quando as luzes se apagaram, a multidão foi chegando com aqueles sacos de pipoca fedendo a manteiga e baldes de refrigerante. Em menos de cinco minutos, fui do céu ao inferno.

E o filme começa. Aos poucos, a galera vai se calando. Mas, como vovô já dizia, “Sempre tem um filho da puta”. E tinha. E eu não gosto de filhos da puta. Então, fui obrigado a fazer o que sempre faço nessas situações: explicar ao filho da puta que ele não estava sozinho no cinema. Qual a resposta dele? “Peraí cara, eu também paguei ingresso!” Agora você entendeu o motivo de eu ter evocado Lady Kate. O primeiro problema: não é a primeira vez que ouço isso de alguém quando estou no cinema. O outro problema: ele não pagou para incomodar os outros.

Será que as pessoas estão apenas repetindo o bordão de Lady Kate ou será que o “eu tô pagando” dela foi inspirado nessas pessoas? Aposto um dedo da minha mão na segunda alternativa. Na verdade, aposto que toda a personagem é inspirada na nossa nova classe média e nos nossos novos ricos. Essas pessoinhas acham que pagar por algo lhes dá o direito de passar por cima de todos. Os seus direitos estão acima dos direitos de qualquer outra pessoa. Me mordam!

Pra terminar o meu martírio: na fileira logo à minha frente, à esquerda, três mocinhas na faixa dos seus 20 anos. Lá pela metade do filme, uma comenta com as outras: aposto que ele vai morrer no final, se referindo ao bandido (interpretado por Johnny Depp). Quase saí do cinema, porque senão, era ela quem iria morrer. Senti uma vontade incontrolável de esganar aquela pobre criatura.

Nenhum brasileiro é obrigado a saber quem foi John Dillinger, um dos principais inimigos públicos dos EUA. Mas todos nós estudamos a Grande Depressão dos Estados Unidos. Qualquer pessoa nascida no século XX sabe que a década de 1930 foi a Era de Ouro dos roubos a banco no país do Tio Sam. Qualquer um sabe quem foi Al Capone. Sabemos que a lei seca criou os maiores gângsteres de todos os tempos. Quem nunca ouviu falar na “Chicago dos anos 30”? Todos ouvimos falar sobre Bonnie e Clyde. Ou não?

Assim que a sessão acabou, saí do cinema e só conseguia pensar em Lady Kate. Além de retratar a pretensão das pessoas que “estão pagando”, ela mostra uma dura realidade. A nossa classe “pensante”, a nossa “elite cultural” é composta por um bando de ignorantes, burros, imbecis. Analfabetos funcionais por excelência. Apesar de fazer rir, Lady Kate é uma personagem trágica.

Ah, antes que me esqueça! Hoje, numa quarta-feira de muito calor, fui à sessão das 14h50. No mesmo shopping. Na mesma sala. Éramos no máximo 30 pessoas. Quer saber como foi? Faça o mesmo que eu. Ou então, faça o que algumas pessoas estão fazendo: compre uma TV de LCD de 50 polegadas, um home theater de primeira, se tranque em casa e para de ir ao cinema.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Para aumentar as vendas...

...as companhias aéreas da Argentina deviam lançar uma nova campanha publicitária. Assim, estimulariam as viagens dos hermanos durante o fim do ano. Abaixo, uma sugestão de slogan:

"PASSAGEM AÉREA PARA DUBAI: ESTUDIANTES PAGAM MEIA"

Hahahahahahahaha...
Fui!!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Hoje é dia de agradecimentos

Matheus Diniz thanks: Robert Plant, Jimmy Page, Eric Clapton, Tom Waits, Patti Smith, Mick Jones, Steve Winwood, Ginger Baker, Jack Bruce, Mick Jagger, Keith Richards, Keith Moon, Pete Townsend, Rory Gallagher, Mark Sandman, Dan Auerbach, Patrick Carney, Dave Matthews, Boyd Tinsley, LeRoy Moore, Johnny Rotten, Junior Kimbrough, Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Chuck Berry, Nick Cave, Alvin Lee, Rob Tyner, Wayne Kramer, Buddy Guy, Howlin' Wolf, Elvis Presley, Angus Young, Bon Scott, Jim Morrison, John Bonhan, Bob Dylan, Eddie Vedder, Janis Joplin, Brian Jones, Ian Curtis, Muddy Waters, Neil Young, Taj Mahal, Jimi Hendrix, Steve Ray Vaughan, Chris Robinson, Mark Lanegan, John Lee Hooker, Kurt Cobain, Chris Cornell, Ozzy Osbourne, Tommy Iommi, James Hetfield, John Lennon, Paul McCartney, Lighting Hopkins, Bryan Ferry, Charlie Feathers, Layne Staley, Jerry Cantrell, Caleb Followill, Beck, David Gilmour, Roger Waters, Richard Wright, Nick Mason, David Coverdale, David Bowie, Marc Bolan, Robert Johnson, Mark Knopfler, Ian Anderson, Freddie Mercury, Brian May, John Densmore, Axl Rose e a todos que fazem do dia 13 de julho a data mais importante do nosso calendário. Aos que me esqueci, mil desculpas.

"Hey Hey, My My, rock and roll can never die..."

domingo, 12 de julho de 2009

Quando a emoção supera a discussão

Algumas coisas nunca mudam. A briga de egos na F-1 continua. Quando tudo parecia estar resolvido, o louco senhor Max Mosley volta a fazer as dele. Os representantes da FOTA, idem. E continuamos sem saber qual o rumo da categoria para 2010. Por sorte, uma novidade na corrida deste domingo. O GP da Alemanha (que marca a metade da temporada), realizado no circuito de Nurburgring, mostrou que qualquer esporte é feito de emoção. Um ótimo advogado não pode presidir a FIA, não pode interferir no regulamento. Ele não faz idéia das necessidades dos pilotos.

Muitos dizem que a F-1 é um esporte menor. Mas não é. É um esporte de engenharia e alta tecnologia. Sem um bom carro, um piloto não vence. Sem um bom piloto, um carro de ponta não chega a lugar algum. E na hora da vitória, vemos o que é comum em todos os esportes: superação e emoção.

A mistura de êxtase e o choro de Mark Webber mostraram isso. Depois de mais de 130 corridas disputadas, o australiano esteve no lugar mais alto do pódio. Para ele, ouvir o hino do seu país em terra estrangeira deve ter sido o maior momento da carreira. Pra mim, a comunicação entre Webber e a RBR (vídeo abaixo) via rádio ao fim da prova fez a temporada mais louca dos últimos anos valer minha paixão por esse esporte.

Pra não perder o costume, e voltando ao “algumas coisas nunca mudam”: ver o Rubinho demonstrar não ser um piloto pronto para ser campeão (ele é o típico “born to lose”) completou meu domingo. O cara culpa a equipe e não admite sua falta de capacidade para ganhar. Brawn GP, abra seu olho! Mark Webber e Sebastian Vettel estão vindo com tudo e vocês só podem contar com Jenson Button. O outro, é um menino mimado que nunca está satisfeito com nada.


quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sem palavras

Assim como a música. Instrumental, melancólica...
Só vou dizer o seguinte: assistam ao filme "A Sombra De Um Homem" e, por favor, baixem ou comprem a trilha sonora. Uma das melhores no estilo noir que ouvi nos últimos tempos.


Listen and cry...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Quem ouve o que quer...

Uma das piores frases que alguém pode dizer: “Ah, eu ouço de tudo.” O escambau! Quem ouve tudo não ouve nada. Ser uma pessoa eclética tudo bem, agora, o tal do ouvir tudo, ou ouvir de tudo? Isso me tira do sério, mas hoje percebi que a língua é o chicote do corpo.

Meu iPod está praticamente cheio. Só posso usar mais 4GB (caso tire os vídeos, fotos e as capas dos álbuns, a capacidade sobe pra pouco mais de 7GB). Tenho 22.675 músicas no brinquedinho desenvolvido por Steve Jobs.
Venhamos e convenhamos: ele é minha discoteca. É impossível ouvir esse tanto de música sem fazer algum tipo de seleção. Por isso, crio minhas playlists. Tenho várias. Estão divididas por décadas, estilos, duração, artistas semelhantes, etc.. Ah, também têm aquelas criadas pelo Genius (uma besteirinha do iTunes).

Outro dia, montei uma que me espantou! Sou realmente eclético? Um barango? Ou um sem noção? Olha isso:

1: Flick Of The Switch – AC/DC
2: Colors – Amos Lee & Norah Jones
3: Take My Breath Away (Ela mesma. Trilha Sonora de Top Gun) – Berlin
4: God’s Got It (ao vivo) – The Black Crowes
5: Don’t Stop The Dance – Bryan Ferry
6: Slave To Love (Sim! Trilha de 9¹/² Semanas de Amor) – Bryan Ferry
7:
I Believe In You – Cat Power
8: Theme From New York, New York – Cat Power
9: Woman Left Lonely – Cat Power
10: Walking After Midnight – Cowboy Junkies
11: Walking After Midnight (ao vivo) – Cowboy Junkies
12: Outside Woman Blues – The Cream
13: Squirm – Dave Matthews Band
14: Babylon II – David Gray
15: Carmensita – Devendra Banhart
16: Rosa – Devendra Banhart
17: Seahorse – Devendra Banhart
18: Hurdy Gurdy Man – Donovan
19: Second Nature – Eric Clapton
20: Forever Man (ao vivo) – Eric Clapton & Steve Winwood
21: A Woman Left Lonely – Janis Joplin
22: Equinox – John Coltrane
23: Lord, Have Mercy On Me – Junior Kimbrough & The Soul Blues Boys
24:
You Really Got Me – The Kinks
25: Trouble – Lindsay Buckingham
26: Bartender – London Contemporary String Ensemble
27: Everyday – London Contemporary String Ensemble
28: Say Goodbye – London Contemporary String Ensemble
29: Tu Vuo' Fa l'Americano (Trilha de O Talentoso Ripley) – Matt Damon, Jude Law, Fiorello & The Guy Barker International Quintet
30: Suzanne – Perla Batalla, Nick Cave & Julie Christensen
31: Any Man – Rocco DeLuca & The Burden
32: Save Yourself – Rocco DeLuca & The Burden
33: Magnificent – U2
34: Fool For Your Loving (ao vivo) – Whitesnake
35: If You Want Me – Whitesnake


Não vou entrar no mérito da qualidade das músicas. Se eu gosto, ponto! Mas é muito estranho! Entre uma música e outra, parecia que eu tinha acabado de ver um filme com o Chuck Norris e ia assistir a um do Godard. Ou então, sair de "Missão Impossível II" e entrar em "Festa de Família" (aquele, do movimento dinamarquês Dogma). Cacete! Jazz, hard rock, indie, glam rock, blues, pop e brega tudo de uma só vez? Como diria um grande professor: uma geléia musical. Um viva às playlists!

PS: Walking After Midnight ficou muito famosa na voz de Patsy Cline. Eu, particularmente, não gosto, mas aconselho que procurem as versões do Cowboy Junkies. Elas estão nos álbuns “The Trinity Session” e “Trinity Revisited” – este último, lançado no começo do ano. Uma boa compra, pois é um pack CD+DVD e o preço é honesto. Quem preferir, também pode procurar a versão da Madeleine Peyroux, no álbum “Dreamland”. Na minha opinião, o melhor disco da canadense que todos gostam de chamar de nova Billie Holiday. Coisa de crítico sem imaginação.

Music is Power...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Seja feita a nossa vontade

Depois de algumas doses, os dois vão embora pra casa. O papo foi ótimo. Como sempre. No carro, o que sempre esteve implícito vem à tona. Eles são amigos, mas se quiserem podem jogar a culpa no álcool. Quando o inevitável está para acontecer...

Ela: A gente devia parar.
Ele: Parar com o quê?
Ela: Com isso!
Ele: Por quê?
Ela: Somos amigos. Eu não vou conseguir. Vou começar a rir.
Ele: Mas você prefere chorando?
Ela: Claro que não!
Ele: Então...
Ela: Mas aqui? É muito desconfortável.
Ele: Como você sabe?
Ela: Dããããã...
Ele: Tem que ser em uma cama king size?
Ela: Para de brincadeira!?
Ele: Eu não estou brincando.

Primeiro, o silêncio constrangedor. Depois, o carinho inebriante. E eles fazem. Rindo? Também...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Seriados e Hidrocodona

Rotina. Quem diz conseguir levar a vida sem isso, está mentindo. Eu? Claro que tenho minhas rotinas, meus hábitos. Alguns, tento evitar. Outros, faço questão de cultivar. Sou fã de alguns (vários) seriados da TV a cabo, mas, para não me tornar escravo dos horários, procuro acompanhar apenas alguns. (Senão, como seria minha vida social?) Então, o que faço? Espero a temporada acabar e compro o box com todos os episódios. São poucos. Só sigo “Bones”, “Dexter” (esse, tive que baixar a 2ª e 3ª temporadas, pois não lançaram no Brasil) e acompanhava “Deadwood”. Infelizmente, a HBO não renovou o contrato e o seriado “acabou” sem um fim. O único dia que tiro pra assistir minhas séries é quinta-feira. Às 22h, assisto “Rescue Me” (este também não tem pra vender no Brasil, por isso vejo pela TV) e às 23h, minha favorita: “House M.D.”

Amanhã, deve chegar minha grande aquisição. A coleção completa de “Família Soprano”. Minhas noites de julho já estão garantidas! Pois é, mas hoje é quinta-feira e só pude assistir “Rescue Me”, já que a 5ª temporada do médico mais louco da TV acabou. Mas valeu a pena! A cena final teve Sheila, seminua, fazendo um strip ao som de I’ll Be Your Man, do The Black Keys. O que vou fazer agora? Pegar um livro, é claro. Estou pensando em reler “Os Versos Satânicos” do Salman Rushdie.

No mais, só posso aguardar o começo da sexta temporada. Vou ficar na espera dos comentários ácidos e sarcásticos de House (um médico viciado em Vicodin), mas não posso deixar de registrar a melhor frase dita por ele no começo da 5ª temporada: "Uma garota farrista é divertida até vomitar nos seus sapatos. Então ela passa a ser irritante.” Sem comentários! E pra terminar, a frase célebre do cara: “Everybody Lies”.

Stay healthy and alive

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Pólvora branca ou preta?

Ontem à noite, passou Traffic na TV a cabo. Assisti novamente. Já vi o filme uma penca de vezes, mas não me canso dele. Cheio de atores bons, uma temática interessante e fotografia sensacional (a trilha sonora também é nota 10!). Aquele lance de colocar os tons mais amarelos, mais quentes quando as locações são no México, e um tom azulado, bem frio quando se passa nos Estados Unidos foi muito legal. Apesar de o filme tratar o tráfico sobre vários pontos de vista, a única verdade absoluta: nenhum governo conseguirá vencer essa guerra. No mundo real, os bandidos já venceram há tempos.

Domingos atrás, o Fantástico exibiu um vídeo mostrando graves acusações feitas pelo mega-ultra-blaster-traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia. Na gravação, o cara dizia que policiais brasileiros o extorquiram em quase R$ 2 milhões. Quando foi preso em 07 de agosto de 2007, era um dos criminosos mais procurados do mundo e nos mostrou o poder do crime organizado. Com o dinheiro da venda de drogas, Abadia construiu um império. Tanto na Colômbia, quanto no Brasil.

A recompensa que os Estados Unidos ofereciam pelo traficante era a “irrisória” quantia de cinco milhões de dólares. Uma cifra dessas nos mostra a importância de se capturar uma pessoa acusada de mais de 300 assassinatos na Colômbia, envio de mais de 1000 toneladas de cocaína para os Estados Unidos e que, no Brasil, montou revendedoras de carros, empresas e comprou (apesar de agora dizer ter sido extorquido) inúmeros policiais.

É importante mostrar a corrupção da polícia, mas, na verdade, o problema vai muito mais além e nunca é abordado nos jornais: de que forma uma pessoa consegue montar um império deste tamanho e ser acusada de tantos crimes? Não é porque as pessoas se drogam. O seu uso é uma simples forma de alterar o estado de consciência. Sempre existiu e nunca vai deixar de existir. O ser humano precisa de uma válvula de escape para sair da rotina em que vive. Alguns farão isso praticando ioga, outros, cursos de arte. Alguns ouvirão música ou procurarão uma religião, mas nenhuma maneira é mais fácil e rápida do que usar cocaína, maconha, álcool, etc.

A reposta para o império de um traficante está totalmente ligada ao seu “poder de fogo”. Com arco e flecha ou pedras, nunca existiriam Abadias ou Fernandinhos Beira Mar. Com revólveres e pistolas, nenhum bandido em sã consciência peitaria a polícia ou governos. Ou seja, continuaremos a ver o crime organizado como conhecemos enquanto existir o tráfico de armas. Este tipo de venda ilegal é o que mais dá dinheiro no mundo – em segundo lugar, vem justamente o tráfico de drogas.

Outra questão nunca levantada na grande mídia: quais são os fabricantes dessas armas que alimentam os grandes traficantes? Justamente os países que mais tentam interferir no caos que se tornou o tráfico internacional de drogas – Estados Unidos e países da Europa. O muro de Berlim já caiu, a União Soviética não existe mais, todos os territórios do mundo já foram delimitados.

Então, por que a Smith & Swesson, Colt, Sig Sauer e outras fábricas de armamento continuam a produzir fuzis de assalto ou antiaéreos, metralhadoras e vários outros tipos de armas que deveriam ser de uso exclusivo do exército?

A resposta é simples: o poder destas fábricas está acima do poder de qualquer governo. Prova está no filme “O Senhor das Armas”, estrelado por Nicholas Cage (apesar de o cara ser canastrão, fez vários dos meus filmes prediletos). Ele interpreta o papel de um vendedor de armas, que na verdade, é um funcionário “fantasma” do governo dos Estados Unidos. Ele arma quase todos os países da África, ajudando a perpetuar as guerras civis e genocídios cometidos por lá.

Por isso, devemos começar a questionar a intromissão de Estados Unidos e países da Europa aqui na América do Sul. Eles estão muito “preocupados” com a situação na Colômbia, Bolívia ou Brasil. Nós é que devemos subir para lá e começar a questionar algumas coisas. Vamos perguntar à Colt quantas armas ela produz por ano. Vamos ver quanto essas fábricas doam para os partidos políticos dos Estados Unidos. Vamos tentar interferir por lá e impedir que essas armas cheguem nas mãos dos traficantes brasileiros, colombianos ou bolivianos. Vamos deixar todo o poder do crime organizado ser arco, flecha e pedras. E vamos continuar a nos drogar.

Só café. Nada de cigarros...

Hoje, assisti “Sobre Cafés e Cigarros” pela segunda vez. Em casa, as coisas são diferentes: passei um belo café do cerrado na minha Bialetti e fumei todos os Marlboros vermelhos que quis durante o filme. Não vou negar: prestei muito mais atenção hoje. Na primeira vez, assisti no cinema, e, como sou altamente viciado em cafeína e nicotina, no segundo curta do filme, a fissura já tinha me dominado. Me senti o próprio Ewan McGregor se desintoxicando em “Trainspotting”.

Cara, que filme! "Trainspotting" é ótimo, mas estou falando do primeiro. Ele começa bem porque é dirigido pelo Jim Jarmusch. As participações de Tom Waits e Iggy Pop (foto abaixo), Steve Buscemi; Bill Murray; Steve Coogan e os irmãos “White Stripes”, (Jack e Meg White) em conversas inusitadas, nonsense (enquanto tomam café e fumam seus cigarros) são o toque final, a cereja no bolo do longa que começou a ser filmado nos anos 80 e foi lançado completo em 2003.

Mas não estou aqui pra fazer crítica de filme. Quero criticar outra coisa. Na verdade, quero criticar quem tanto me (nos?) persegue. Os não fumantes xiitas. Hoje à tarde, fui ao médico. Descobri que estou com uma leve faringite. Coisa de fumante. Enquanto esperava o ônibus, um senhor de idade estava fumando. Em pé. Na rua. Sentada, no ponto, uma senhora começou a se sentir incomodada com a fumaça. Até aí, tudo normal! O grande problema é que, em vez de apenas se levantar e ir para longe do tiozinho, antes, ela fez uma cena de cinema reclamando da bendita fumaça. Adorei a reação do senhor de idade. Na verdade, adorei a sua total falta de ação. Não falou nada com a mulher. Sequer olhou para ela. Mas é claro! O cara estava no meio da rua! Será que a partir de agora não poderemos mais exercer o direito de ter um prazer (ou satisfazer um vício) nem no meio da rua?

O caso dessa mulher é absurdo. Coisas parecidas já aconteceram comigo e, com certeza, com vários fumantes. Certa vez, estava em um café daqui de Belo Horizonte, quando uma madame me cutucou. Ela já começou mal, pois não admito o dedinho indicador no meu braço seguido do “por favor”. Virei-me e perguntei o que ela queria. E o que era? Ela me pediu pra parar de fumar, pois eu a estava incomodando. Como vovó já dizia: “Os incomodados se retirem”. Só pude dizer isso a ela. Porra! Nove e meia da manhã em uma cafeteria (na época, lá não existia áreas para fumantes e não fumantes) e uma merda de perua vem me mandar apagar o cigarro?! Vá pra puta que pariu com açúcar em cima!

Pouco tempo depois, essa bendita cafeteria criou áreas para fumantes e não fumantes. O problema: a parte interna era praticamente destinada aos não adeptos do pirulito cancerígeno. Adorei quando ela fechou. Pena que deu espaço a mais uma loja de celulares. A Praça da Savassi deveria mudar de nome. “Praça das Operadoras”. Ou então para "Praca Oi! Seu TIM está Vivo? Claro!" Essa foi péssima!

Vou fazer uma comparação ridícula e infeliz, pois a situação pede isso. Qualquer pessoa pode entrar em uma cafeteria, em uma tabacaria. Da mesma forma, todos podem ir a uma boate gay (GLBT, GLS, sei lá). Ninguém pode impedir. Agora, o lance é simples. Ambiente. Uma cafeteria ou uma tabacaria são ambientes feitos para nós (fumantes). Ali, passamos horas curtindo nossos prazeres (fumar, tomar café, ler) e não queremos ser incomodados. Se você não gosta, o problema é seu, mas não me peça para apagar o meu cigarro. Se eu estiver em uma boate gay e um cara passar a mão na minha bunda, eu não vou partir pra cima dele dando porrada. Ali é o lugar dele. Ele pode passar a mão na minha bunda. Só vai caber a mim, dizer que não é a minha praia. Ponto.

Voltando aos cafés e cigarros. Cheguei ao consultório bem mais cedo do que esperava, então, fui para o Kahlua Café. Adoro aquele lugar! Adoro conhecer os garçons, alguns freqüentadores, o dono do café. Adoro saber que lá só tem área para fumantes. Adoro me sentar sozinho ou com um amigo e passar horas pitando, tomando um café ou uma água e jogando conversa fora. Quem não gostar, vá para outro lugar. Mas isso me fez lembrar que, daqui a pouco, a situação vai ser diferente. Essa lei proibindo o fumo em ambientes fechados vem me dando medo. Já existe em vários países (até na França), já tá pra entrar em vigor em São Paulo e, pelo jeito, não demora a chegar aqui. Mas essa lei fica pra próxima, pois, além de estar ouvindo Cat Power, o remédio que a médica me receitou pra faringite parece ser forte. Mesmo tendo tomado uma bela xícara de café, o sono tá me matando.

Au revoir...

sábado, 27 de junho de 2009

Hangover

Hoje a ressaca tá me matando. O frio tá ideal pra sair e tomar um vinho, um Jack Daniel's ou uma vodka. O problema é que hoje não quero rebater. Amanhã é aniversário de um grande amigo, então é melhor ir pra debaixo das cobertas e assistir "O Grande Lebowski" pela enésima vez. Falando em noite fria, aí embaixo tão as impressões que tive quando passei a noite com um travesti.
Paz...

Dois bêbados numa noite fria

A primeira vez que vi Anderson Fonseca foi em setembro de 2004, logo que me mudei para o Funcionários. Durante todo esse tempo, nunca tive vontade ou oportunidade de conversar com o cara que fica na praça em frente ao meu prédio quase todas as noites. A única coisa que sei sobre ele é que a maioria dos meus vizinhos e os moradores do prédio ao lado tentam tirá-lo dessa praça há anos. Essas pessoas não gostam da presença de Anderson. Ele é um dos travestis que ficam na esquina da minha rua com a Avenida Afonso Pena fazendo programa. Enfim, em uma noite, voltando para casa, resolvi conversar com Anderson:

- E aí, posso bater um papo com você?
- Claro, gato. O que você quer fazer?
- Nada de especial, vamos conversar.
- São 30 reais - no carro, ou no motel.
- Não, eu não quero transar com você.
- Uai! Então, o que vamos fazer?
- Já te disse. Vamos conversar. Quero saber um pouco da sua vida.

“Ihhh, gente! O gatinho aqui quer conversar comigo. Quer saber da minha vida! O que vocês acham?”, perguntou Anderson a seus colegas (ainda não me acostumei com qual artigo definir o pessoal. Seus colegas ou suas colegas?). Acho que dei sorte. Como era fim de noite e estava muito frio, a Afonso Pena estava vazia e parecia que eles não teriam muitos clientes naquela noite. As meninas (?) disseram para Anderson conversar comigo. Disse a ele que poderíamos ir ao bar do Bigode, que eu pagava uma cerveja pra ele enquanto conversávamos (esse bar fica em frente à minha casa, do outro lado da Afonso Pena).

Ele topou e fomos tomar umas e “bater o papo” que sugeri a ele. Toninho, o Bigode, me encarou e começou a rir (na primeira oportunidade, perguntou: “Uai, trocou de namorada?”). Não dei bola e continuei no bar tomando uma cerveja e conversando com Anderson.

Acho que já é hora de apresentar Anderson a vocês : nascido em 1975 em Claro dos Poções (Norte de Minas), me disse que desde a infância sabia que era uma menina. Não me lembro se essa foi a primeira coisa que me disse, mas achei interessante. Uma das coisas que me lembro e foi o meu primeiro fora:

- Faz muito tempo que você é travesti? (Como se isso fosse uma profissão)
- Eu não sou travesti, gatinho. Eu não sou um homem que se veste de mulher. Sou uma mulher no corpo de um homem.
- Então você é transexual.
- Claro! Mas não sou operada. Ainda tenho o meu pau.

A partir daí, a coisa complicou – como eu não tinha a menor intimidade com um transexual (ou travesti, seja lá o que for), fiquei sem assunto. Resolvi então, perguntar sobre sua infância. Anderson me disse que com uns sete, oito anos já tinha dado pra quase todos os meninos da cidade. Quando não quis transar com um primo (que segundo ele era a paixão da sua vida) foi dedurado para a família. “Apanhei demais do meu pai e dos meus irmãos mais velhos. Meu pai não podia admitir que eu saísse dando pra toda cidade. Não me lembro da minha mãe pedir para ele parar, mas ela sempre foi boa comigo”.

Depois dessa surra, Anderson me disse que a única coisa que pensava era em sair de Claro dos Poções. Seu sonho era ir para o Rio de Janeiro, mas, como tinha um primo que morava em Belo Horizonte, veio para cá aos 14 anos. “Quando me mudei pra cá, minha vida mudou totalmente. Meu primo me recebeu muito bem, mas acho que já sabia que todo mundo de Claro me comia, porque me comeu os quatro anos que morei com ele”.

Aos 19 anos, Anderson arranjou um namorado e foi morar com ele. Me disse que quando seu primo ficou sabendo, bateu tanto nele, que teve que parar no hospital. Me mostrou uma cicatriz enorme no braço. “Tá vendo? Foi meu primo que fez isso”.

O namorado de Anderson era 20 anos mais velho que ele o tratava muito bem. Sempre levava presentes para ele, mas nunca o apresentou para a família. “Ele era mecânico de uma empresa de ônibus e tinha vários irmãos. Dizia que se me apresentasse pra sua família, nunca mais poderia vê-los”. Fiquei sabendo que foi com Rafael, seu namorado, que Anderson começou a se vestir de mulher. “Sempre fui uma mulher, mas não me vestia de menina, achava ridículo. O Rafael sempre levava calcinha, sutiã, saia, batom – essas coisas – pra mim. Sempre que a gente fodia, pedia pra eu vestir e como eu era apaixonada por ele, usava”.

Depois de cinco anos de namoro, um vizinho de Rafael contou para seus pais que ele namorava um “viado”. “Apanhei de uns cinco. Dos pais e dos irmãos dele. Mas eles também apanharam. Eu sou magra assim, mas sou forte, gato”. Depois da surra, Rafael expulsou Anderson de casa.

“Foi aí que eu tive que começar a trabalhar, gatinho. Até meus 24 anos, tive vida de rainha. Estou na vida faz oito anos. Comecei lá na Pedro II, mas lá só tem bicha pobre. Aqui na Afonso Pena, as bichas são ricas e me tratam bem. Quando alguma tenta me sacanear, eu fodo com ele. Roubo celular, carteira e o que mais puder. Eles não vão fazer nada, não vão deixar que os filhos e a mulher descubram”.

Ainda não tinha dito a vocês, mas o “nome de guerra” de Anderson é Karina. Ela já faz programa há mais de oito anos e é viciada em cocaína. Conversamos até quase quatro horas da manhã, mas não prestei muita atenção na história dela. Achei as histórias de Anderson mais interessantes. Me ofereceu um boquete de graça, mas preferi pagar mais duas “saideiras”.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Nunca...Na Terra do Nunca

Notícia de destaque em todos os jornais e em todos os portais mundiais: "Michael Jackson morre aos 50 anos".
Beleza..
Um cara igual a ele não morre, dá defeito. Aposto que vão fazer um recall dele daqui alguns dias, meses, anos.
Mas, caso ele tenha mesmo morrido, e, caso exista mesmo um céu, vale a letra da música que estou ouvindo neste momento: "Se eu fiz algum mal a alguém que Deus tenha pidedade de mim..." Quem sabe isso o ajude ou o tenha ajudado em um momento de contrição.
Estou ouvindo a versão do The Black Keys, mas a versão original é de Junior Kimbrough.
Procurem e baixem!!!
Paz...

quinta-feira, 25 de junho de 2009

E a fogueira se apagou

Ufa!! Pra quem é fã de F-1, uma boa notícia: o Triângulo das Bermudas entre Max Mosley (presidente da FIA), Bernie Ecclestone (presidente da FOM) e FOTA, (Organização das Equipes de Fórmula 1) chegou ao fim nesta quarta-feira. Apesar de ter divulgado até calendário para uma competição paralela, a FOTA chegou a um acordo com a FIA. Apesar de a situação ter me deixado apreensivo (eu não assistiria mais às corridas), era evidente que todo o qüiproquó era apenas uma guerra, uma fogueira de vaidades. E o pacto entre as pessoas mais vaidosas do mundo aconteceu. A única coisa que eu gostaria de ver era o senhor Max Mosley fora da FIA (pelo jeito, isso vai acontecer).

Vou remexer no passado, mesmo sabendo que quem vive dele é museu.Onde um cara adepto a “orgias nazistas” pode presidir o maior órgão do automobilismo mundial? Legal o cara querer uma F-1 de engenharia e não de gastos, mas, impor isso? Não!! O cara é muito louco!! Resumindo: mesmo que todos estivessem jogando lenha na fogueira, o fogo acabou. Saem ganhando equipes, montadoras, pilotos, a FOTA e os fãs. Ou seja, todos. É isso! No mais, vou continuar esperando que este seja o último ano de Rubinho na F-1. Mas também vou torcer por ele. Para ele ser vice, é claro!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Burning Down The House


No dia 02 de junho, a Dave Matthews Band lançou seu primeiro álbum de músicas inéditas desde 2005, quando "Stand Up" chegou às lojas. "Big Whiskey And The GrooGrux King" é o primeiro disco dos caras sem o saxofonista LeRoi Moore, falecido em 2008. Enquanto meu CD não chega, prefiro não fazer nenhum tipo de crítica, apesar de já ter ouvido alguma coisa e poder dizer que ficou um trabalho interessante. Diferente, mas interessante. O que não posso deixar de registrar aqui são as minhas impressões sobre o show antológico da DMB em setembro de 2008, no Rio de Janeiro.

Pondo a casa abaixo

O show foi algo de outro mundo? Clichê bobo, melhor usá-lo mais adiante. O público foi à loucura? Óbvio! Há mais de sete anos que os caras não vêm ao Brasil. Então, por onde começar? Pelo começo, porra! Na entrada do Vivo Rio, está evidente: quem vai ver a Dave Matthews Band em uma noite de terça-feira é fã alucinado dos caras. A casa de shows? Boa. Deve ter capacidade para umas cinco mil pessoas e a divisão dos setores proporciona ingressos para todos os bolsos. Não pode fumar no lugar? Um mero detalhe, pois, quando a muvuca se forma, não há segurança para mandar apagar (nenhum dos tipos de cigarro). A cerveja vagabunda a R$ 5,00, a dose de vodka custando meros R$ 12,00 e o energético pelo mesmo valor do elixir russo dão um certo desespero, mas lá eles aceitam dinheiro de plástico. Isso não tem preço porque a vida é agora.

Enquanto a banda não entra, quando um roadie passa para ver se está tudo em ordem, a galera ansiosa começa a gritar. O palco está montado sem exageros, já que a atenção estará toda voltada para Dave Matthews, Boyd Tinsley, Carter Beauford, Stefan Lessard e Jeff Coffin (saxofonista que está substituindo o recém falecido LeRoi Moore). Apenas uma coisa é estranha lá em cima. No canto esquerdo, um belo e imponente amplificador Marshall. Mas por que ele está lá? Às 21h31, com um minuto de atraso, descobrimos. Quem está lá pode se preparar para uma noite única: Tim Reynolds, grande parceiro de Dave Matthews entra no palco junto com a banda, segurando uma Stratocaster laranja e branca. Eles não conseguem se apresentar direito, pois todos gritam como gruppies alucinadas. E vem o primeiro acorde, nos introduzindo a “Bartender”. São mais de 4500 pessoas cantando em coro uníssono. Nesse momento, a banda percebe que a noite também será especial para eles. Dave Matthews já mostra que tinha tomado umas e estava no clima. Segundo ele
“...a couple of caipirinhas. And another couple. And another couple”.
Logo depois vem “Warehouse”. Os improvisos dele com a banda e as brincadeiras com o público começam. E é assim durante as quase três horas e meia de show. Antes de cantar “Stay Or Leave”, música de seu álbum solo “Some Devil”, Dave começa a falar sobre a perda de um grande amigo. Como todos estão em plena sintonia, sacam que se trata do saxofonista LeRoi Moore, fundador da banda falecido há quase dois meses. Só se ouve “LeRoi, LeRoi, LeRoi”. Os balões brancos que seriam jogados na hora do bis para prestar uma homenagem, de repente começam a surgir e, segundo uma amiga, levam os caras às lágrimas. Mas isso não é nada perto do que Dave faz: para nós brasileiros, ver o músico sul-africano levantar a nossa bandeira em um momento de pura catarse é algo inexplicável. Não sei se eles choraram com a homenagem, mas muitos de nós sim!

O momento mais empolgante do show é quando Carter faz a introdução de “Say Goodbye”, uma das canções mais bonitas da DMB. Muitos demoram a perceber de qual música se trata. São mais de cinco minutos de solo, antes de “So here we are tonight / You and me together / The storm outside, the fire is bright / And in your eyes I see / What's on my mind / You've got me wild / Turned around inside…” A participação de Carlos Malta na flauta dá um toque a mais para um hino a amigos que podem ser amantes por uma noite.

Logo após “Say Goodbye”, Dave, mais empolgado que de costume, faz uma de suas danças excêntricas enquanto a banda toca “Cornbread”. Na hora de “Crush”, todos os músicos mostram que estão ali fazendo o que gostam. Tim Reynolds faz um solo de guitarra alucinante. Boyd Tinsley toca de forma visceral seu violino. Carter Beauford, sempre sorrindo, espanca a bateria. Jeff Coffin tem a tarefa mais difícil de todas: mostrar que pode substituir LeRoi – pelo menos musicalmente – e consegue.

A setlist do show conta com 20 músicas. A maioria, dos discos mais antigos dos caras. Isso realmente mostra que os álbuns “Everyday”, “Busted Stuff” e “Stand Up” não foram muito bem recebidos pela crítica e pelo público, mas todos pedem para tocar “Everyday”, vão à loucura com “Bartender” e cantam do começo ao fim “You Might Die Trying” (esta última, presente em “Stand Up”).

A DMB não toca “Lie In Our Graves”, “Everyday” e “Long Black Veil”, mas isso não é problema. A apresentação perderia a graça, já que superaria qualquer expectativa. (Eu também colocaria “Minarets” na setlist). O único porém fica por conta do público, um dos protagonistas do show. Assim que volta para o bis, Dave Matthews, alucinado, toca “Burning Down The House”, do Talking Heads. Nessa música, ele simplesmente expressa o que aconteceu na noite de 30 de setembro de 2008: a casa foi abaixo, mas o pessoal parece não ter entendido o recado. Não se empolga nem demonstra muito interesse pela música. Dessa vez ele toca praticamente sozinho. Uma pena.

Para encerrar a noite, nada melhor do que “Two Step”. Como já diz a música, “...let’s celebrate...”. E todos celebramos, comemoramos, estamos emocionados. Vamos à loucura. Tim Reynolds ajuda. Faz um solo de mais de seis minutos, usando uma Gibson semi-acústica. Meia noite e cinqüenta e dois minutos: os músicos se despedem após uma apresentação que vai ficar na memória da banda e no coração de mais de 4000 pessoas que pagaram entre R$ 120,00 e R$ 450,00. Um preço baixo por uma noite de êxtase. Algum clichê tinha que ser usado.



Abaixo, a dancinha do cara, enquanto toca "Cornbread"


Sobre relógios e chinelos


Quando roubaram o Rolex de Luciano Huck no final de 2007, a Folha de São Paulo cedeu um espaço ao apresentador na editoria de Opinião do jornal para ele desabafar. O cara foi muito infeliz no texto, tanto que a polêmica foi enorme. Ferréz, um grande escritor (literatura marginal é com ele mesmo) também teve espaço para escrever na Folha, justamente sobre o tal relógio. E a celeuma continuava. A Rede Globo chegou a fazer uma matéria mostrando como funciona o esquema de roubo de relógios de luxo (ela tinha que fazer isso, já que seu funcionário foi assaltado). Zeca Baleiro mandou uma carta para a Folha “descendo a lenha em Huck” e foi muito criticado por isso. Enfim, o cantor também teve seu espaço no jornal. Eu realmente não entendi como o roubo de um relógio cujo valor pode alimentar uma família por mais de um ano ganhou proporções tão grandes.

Na minha época de colégio (quando tinha uns seis, sete anos), me lembro que quando alguém nos perguntava as horas, dizíamos: “Relógio de pobre é na igreja”. Como boas crianças, não tínhamos noção do que estávamos dizendo, mas, para mim, essa frase tem outro sentido nos dias de hoje. Se você quer saber as horas, tem um milhão de possibilidades: o relógio do computador; do celular; dos termômetros espalhados pela cidade; perguntar as horas para alguém, ou então, realmente olhar as horas em alguma igreja (estamos em um país de colonização católica, então, relógio é o que não vai faltar).

No final do século XIX, realmente devia ser mais difícil saber as horas, até porque, a única maneira realmente seria ter um relógio de bolso ou o das igrejas (será que a frase que dizíamos quando crianças veio dessa época?). Depois que Santos Dumont inventou o relógio de pulso, as coisas começaram a ficar mais fáceis. Depois do relógio digital, nem se fala – o preço ficou muito menor e todos já podem colocar uma “pulseira que marca horas” no braço esquerdo ou direito (confesso que sinto um pouco de aflição de pessoas que usam relógio no braço direito).

Vamos pensar em algumas coisas: 1) função: o relógio serve pra marcar horas e ponto final; 2) o relógio que custa oitenta reais (comprado em loja, com nota fiscal) marca horas da mesma forma que um relógio de vinte mil pratas (sim!! R$ 20.000,00!!! Este, geralmente comprado no exterior. Quando é roubado, já era, não tem como você reclamar, justamente por falta da nota fiscal).

Antes que me chamem de comunista de museu, só tenho uma coisa para dizer: Nos dias de hoje, a única função de um Rolex é criar um sectarismo. Se todos pudessem ter um, ele não precisaria “existir” e todos usariam o relógio de oitenta reais e não seriam roubados (esqueci de dizer: quem usa relógio, seja no braço direito ou no esquerdo, com o visor virado para baixo, me dá medo!).

Você pode até estar se perguntando: “Mas aonde ele quer chegar com essa porcaria?”. Agora vai ficar sabendo. Vou para a praia, depois de sete anos sem ver o mar (sou mineiro). Como já faz muito tempo que não tenho contato com o mormaço, com a areia dentro da sunga e outras coisas típicas do litoral, saí para comprar algumas coisas. Duas bermudas de surfwear, protetor solar fator 60 (para aproveitar os dez dias de sol), um chinelo bem confortável e algumas coisas supérfluas (viu como não sou um comunista de museu?!).

Pois bem. Achei um chinelo do jeito que queria e por um preço justo. Paguei quarenta reais, o que me permitiria comprar duas Legítimas, ou então, juntar mais R$ 130 para comprar um chinelo que tinha amortecedor e até abridor de latas (é verdade, abridor de latas!). Esse que eu comprei tem todos os atributos que procuro em algo que vou colocar no pé: confortável e discreto. Semana passada, uma prima foi almoçar na minha casa. Ela está com 19 anos e é super ligada com essas coisas de marca. Pagou R$ 700,00 em um tênis, coisa e tal. Quando me viu com meu chinelinho confortável e discreto, perguntou: “Matheus, você comprou um #%$¨@& (não vou fazer propaganda para ninguém aqui)?” Como a pergunta foi retórica, não precisei responder. Só quis saber o motivo do espanto dela.

Foi então que descobri que aquele chinelo, tão bonito e confortável era de “marginal”. Quando ouvi aquilo, o chinelinho não perdeu seus atributos, mas eu fiquei com uma pulga atrás da orelha – existe chinelo de marginal? Se existir, então existe chinelo de “prayboy”, de “hippie de butique” e o escambau? Provavelmente.

Só mais tarde, naquele mesmo dia eu entendi que não existe chinelo de marginal nem do escambau. Um dia, estava na fila do cinema com minha namorada. Comecei a rir e ela não entendeu nada. Bem perto da gente, tinha uma penca de caras vestidos com bonés de R$ 200; calças jeans de quase mil reais (rasgadas, é claro); camisetas de malha com muita estampa que não saem por menos de R$ 150,00, e claro, as Legítimas nos pés. Claro, tudo pensando no conforto. Geralmente, quem se veste com boné, calça rasgada, camiseta de malha e chinelo de dedo? Bóia fria. Tava explicado: os caras gastaram quase duas mil pratas para ficarem parecidos com bóias frias. Se eles usavam Rolex? Realmente não reparei.